Archive for Novembro, 2009

h1

Teu corpo de Agosto

Novembro 30, 2009

Teu corpo é Agosto

Tu cheiras a verão
por baixo das veias

Tu cheiras a quente

Tu cheiras à febre
do sangue maduro

Teu ventre de orgia
teu cheiro a sodoma
aroma-mulher

Teu corpo de agosto
tem cheiro a setembro.

Manuela Amaral

Imagem: Nicoletta Tomas Caravia

h1

Não quero viver sem ti

Novembro 27, 2009

Não quero viver sem ti

mais nenhum tempo.

Nem sequer um segundo

do teu sono.

Encostar-me toda a ti

eu não invento.

Tu és a minha vida

o tempo todo.

Maria Teresa Horta

Imagem: Kimia Ferdowsi

h1

Dedicatória

Novembro 26, 2009

O ar, amor —

este ar que eu te respiro.

Soares Feitosa

Imagem: Jean Bailly

h1

Strip-tease

Novembro 24, 2009

Jamais eu ficaria quieto
sob o teu olhar;

que muito menos quietos,
no direito de ir e vir,
sobre o teu corpo,
seriam os meus olhos lívidos.

Porque sobre mim,
bastam os sons
dos teus vestidos:
já me desvestem a alma.

Soares Feitosa

Imagem: Gilles Cotelle

h1

Calam-se as palavras

Novembro 20, 2009

Calam-se as palavras

Quando num beijo,

A minha boca, a tua encontra.

Esquecem-se as palavras

Quando num abraço,

O meu corpo, tornas o teu.

Como é simples o silêncio

Dos gestos que trocamos.

Encandescente

Imagem: Nicoletta Tomas Caravia

h1

Modo de amar IX

Novembro 19, 2009

Enlaçam as pernas
as pernas
e as ancas

o ar estagnado
que se estende
no quarto

As pernas que se deitam
ao comprido
sob as pernas

E sobre as pernas vencem o gemido

Flor nascida no vagar do quarto.

Maria Teresa Horta

Imagem: Nicoletta Tomas Caravia

h1

Dor

Novembro 18, 2009

Seu nome esqueci sim

Só dói quando chamo

Por mim

Alice Ruiz

Imagem: Vladimir Kush

h1

Inscrição

Novembro 17, 2009

Quando eu morrer voltarei para buscar

os instantes que não vivi junto ao mar

Sophia de Mello Breyner Andresen

Arte por Connie Chadwell

Homenagem à tia Natália que hoje nos deixou.

Muitas saudades.

h1

Corpo-mundo

Novembro 15, 2009

Que caminhos do teu corpo não conheço

À sombra de que vales não dormi,

Que montanhas não escalei, que lantejoulas

Não abarquei nos olhos dilatados,

Que torrentes não passei, que rios fundos

A nudez do meu corpo não transpôs,

Que praias perfumadas não pisei,

Que selvas e jardins, que descampados ?

José Saramago

Imagem: José Luis Abasolo

h1

As tuas mãos

Novembro 11, 2009

Como podem tuas mãos ser em mim fogo e água

E atearem labaredas e correrem como um rio

E matarem minha sede e serem fogo e arrepio

E serem chama e calor

E serem húmidas brasas

E serem sólidos os teus dedos

E em mim nascerem asas

E voar nas tuas mãos

Fogo, água e arrepio

Tremer ardendo de paixão

E desfazer-me em gotas de água

Entre os teus dedos

Nas tuas mãos

Minha prisão e minhas asas.

Encandescente

Arte de Valeria Corvino