Não sei tecer
senão espumas,
nuvens
e brumas.
Coisas breves,
leves,
que o vento desfaz.
Como prender-te
em teia tão frágil?
Luísa Dacosta, in A Maresia e o Sargaço dos Dias
Arte de Michael Klein
Não sei tecer
senão espumas,
nuvens
e brumas.
Coisas breves,
leves,
que o vento desfaz.
Como prender-te
em teia tão frágil?
Luísa Dacosta, in A Maresia e o Sargaço dos Dias
Arte de Michael Klein
O rio do teu corpo
não me foi margem.
Só na noite interior
das minhas pálpebras
provei a tua boca
Luisa Dacosta, in in A Maresia e o Sargaço dos Dias (Asa II, 2011)
Arte por John Worthington
Não é o restolhar do vento.
É a tua lembrança
que se ergue em mim.
Não é a rosa do sol a esfolhar-se.
É a minha boca -sede e romã-
que sangra na tarde.
Não é a noite que desce.
É a sombra dos teus olhos
a fechar o horizonte.
Luísa Dacosta, in A Maresia e o sargaço dos dias (Asa II, 2011)
Arte por Chaline Ouellet
Atravessa os caminhos da noite
e vem.
Nas fontes, vivas,
do meu corpo
saciarás a tua sede.
Os ramos dos meus braços
serão sombra rumorejante
ao teu sono, exausto.
Atravessa os campos da noite
e vem.
Luísa Dacosta,
in CEM POEMAS PORTUGUESES NO FEMININO, (Terramar, 2005)
Arte de Steven DaLuz